Lamento dizer, mas de fato o Direito não existe para ser justo, visto que justiça é um conceito diferente para cada ser humano. O "justo" varia de pessoa para pessoa, sociedade para sociedade, religião para religião e por aí vai.
Exemplificando: coloque pessoas de diferentes partes do mundo, com distintos pensamentos políticos, religiosos, sociais, etc numa mesma cidade e os permita fazer justiça. Será que todos eles pensam de maneira igual?
Afirmo-lhe, com total conviccção, de que irá falhar na busca pela justiça num cenário desses. Agora, um detalhe: esse não é um cenário hipotético, mas real (é o nosso cotidiano), em que existem leis para evitar que cada um faça o que achar ser "justo".
Em alguns países, é "justo" chicotear mulheres que não usem burca. Então seria algo perfeitamente normal para certas pessoas fazer isso com uma esposa, filha, ou qualquer outra que não saia na rua com o corpo completamente coberto. Para vc, provavelmente isso é um absurdo. Assim, percebe que é impossível criar leis justas para todo mundo?
Infelizmente existe essa concepção de que o Direito objetiva justiça. Porém essa ciência não faz muito mais do que simplesmente regular condutas e comportamentos humanos, de forma a evitar o caos social.
Por favor, não julgue a categoria dessa forma, apenas fazemos nosso trabalho observando o que o Direito prega. É nossa ferramenta de trabalho. Em qualquer área existem bons e maus profissionais.
@saporto Entendo perfeitamente sua opinião. Não sei se passei essa impressão, mas se o fiz, não foi essa a intenção. Jamais estimularia condutas escusas, fundadas em obscuridades legais e/ou jurisprudenciais. Meu objetivo ao pontuar o comentário foi o de evitar as frequentes generalizações sobre condutas aparentemente repudiáveis. Poderíamos criar inúmeros debates com situações hipotéticas, onde nem sempre "o cara que não paga o conserto" é um monstro que deva ser repudiado socialmente. No meu ver, não dá pra tirar conclusões sem a apreciação judicial de cada fato. Evitar julgamentos do tipo "homem que se preze", "colocar o carro na oficina quem pode pagar pelo serviço" ou qualquer outro tipo de subjetivismo é premissa básica para julgar o caso concreto de maneira imparcial. Imprevistos e infortúnios acontecem e nem sempre podem ser contornados tão facilmente. Sou totalmente contrário ao coitadismo, além de acreditar que isso é um dos fatores que impede o desenvolvimento de nosso país. Mas reitero minha podenração de que a mistura do Direito com valores pessoais é bastante perigosa. Análises generalistas comumente levam a bizarrices, como linchamentos, justiça com as próprias mãos ou similares. O melhor dos mundos, humildemente penso, é buscar se posicionar com alteridade, se colocando no lugar do outro, para talvez, alcançar a imparcialidade de julgamento.